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Obstrução do canal lacrimal: Como lidar o problema em crianças

Publicado em 10 de janeiro de 2016.

A obstrução do canal lacrimal é uma condição muito comum e, felizmente, benigna, na qual os únicos que sofrem são os pais, visto que o bebê é sempre assintomático e nem percebe que tem algo errado com os seus olhinhos. São os pais que ficam incomodados com o lacrimejamento constante da criança.

Para entender melhor essa condição é preciso saber o que é o ducto nasolacrimal. Quem nunca sentiu o gosto da lágrima na garganta depois de chorar? Ou, então, pingou um colírio nos olhos e percebeu um gosto amargo na boca? Isso acontece porque existe uma comunicação da parte externa dos olhos com o nariz, e deste com a boca e garganta. O canal (ou ducto) que leva a lágrima para a parte interna do nariz é o ducto nasolacrimal. Esse ducto é muito fino e, logo que os bebês nascem, está obstruído por uma membrana bem delicada. Quando o bebê dá o primeiro choro, a lágrima é empurrada através do ducto nasolacrimal e, por fazer uma pressão muito grande sobre aquela membrana, geralmente consegue rompê-la, tornando livre a passagem da lágrima até o nariz e, consequentemente, à garganta. Isso é o que acontece na maioria dos bebês.

Em cerca de 1/3 dos bebês o primeiro choro não é suficiente para romper a membrana. Nesses casos, a lágrima não pode ser drenada para o nariz e se acumula nos olhos, fazendo com que estejam sempre molhados, a qualquer hora do dia. Isso não traz nenhum desconforto para a criança, ainda que se acumule uma pequena quantidade de secreção mucosa no canto dos olhos. No entanto, os olhos devem ser constantemente limpos com lenços de papel descartável para evitar que sofram contaminação e se transformem em conjuntivite.

Cerca de 80% dos casos de obstrução do ducto nasolacrimal se resolvem espontaneamente até que a criança complete o primeiro ano de vida. Mas alguns pais não conseguem ficar apenas esperando que tudo se resolva com o tempo, então o oftalmologista pode orientar como fazer uma massagem no canto do olho (bem próximo do nariz) para abreviar o problema. Essa massagem força a lágrima através do ducto nasolacrimal e a pressão aumentada no interior do ducto pode fazer com que a membrana se rompa, resolvendo definitivamente a obstrução.

Nas crianças em que não há resolução da obstrução até o primeiro ano de vida, pode-se fazer uma sondagem da via lacrimal, que consiste na introdução de uma haste delicada através do ducto, que rompe mecanicamente a membrana e torna o caminho da lágrima até a garganta livre de obstáculos. Esse procedimento é muito simples e seguro, feito sob sedação, e resolve cerca de 95% dos casos que não se curaram espontaneamente.

Poucos casos de obstrução da drenagem da lágrima são refratários ao tratamento ou recidivantes. Nesses casos, pode-se tentar uma nova sondagem, ou o implante de um delicado tubinho de silicone no ducto nasolacrimal, a fim de que ele mantenha aberta a passagem da lágrima até que se forme uma camada de células de revestimento da parede do ducto, o que impede uma nova obstrução.

A obstrução congênita do ducto nasolacrimal é um dos problemas oculares mais simples de serem resolvidos na criança. No entanto, existem outras doenças oculares mais graves que provocam lacrimejamento excessivo em recém-nascidos, como glaucoma congênito e conjuntivite adquirida durante o parto. Portanto, é importante que um oftalmologista faça o diagnóstico de obstrução e oriente os pais devem quanto à conduta mais adequada.

Prof. Dr. Francisco Max Damico

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