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Tratamento da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)

Publicado em 21 de maro de 2020.

A oftalmologia vem presenciando muitas novidades no tratamento da principal causa de cegueira irreversível na população com mais de 55 anos: a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Nos últimos 20 anos, a DMRI deixou de ser uma doença intratável e, atualmente, grande parte dos pacientes até recuperam a visão perdida com o tratamento.

A DMRI provoca a deterioração da mácula, a região central da retina responsável pela nitidez da visão. Existem duas formas de DMRI: seca e exsudativa (ou neovascular). Embora apenas cerca de 10% dos pacientes com DMRI apresentem a forma exsudativa da doença, ela é responsável por 90% dos casos de cegueira. A forma exsudativa caracteriza-se pelo crescimento de vasos sanguíneos sob a retina que provocam sangramento e fibrose.

A idade é o principal fator de risco para o aparecimento da DMRI, mas existem outros, como tabagismo e história familiar. Alimentação desbalanceada também contribui para o aumento do risco da forma exsudativa. É muito importante a ingestão de carnes (tanto branca quanto vermelha), folhas verdes e frutas, principalmente aquelas com casca vermelha.

Não existe forma eficaz de prevenir a DMRI. No entanto, anular fatores de risco, como controlar a pressão arterial, parar de fumar, ter uma alimentação variada e fazer exercícios físicos reduzem o risco da progressão da doença. A única forma de diagnosticar precocemente a DMRI é o exame oftalmológico, realizado preferentemente por um especialista em doenças da retina.

Até meados da década de 90, o tratamento da forma exsudativa da DMRI era feito através da fotocoagulação com laser, o que causava danos irreversíveis também às camadas da retina não acometidas pela doença. Foi quando surgiu a terapia fotodinâmica (PDT), um tratamento um pouco mais seletivo, mas ainda assim restrito a pouquíssimos casos e que não recuperava a visão dos pacientes (apenas evitava a piora).

Com a identificação da importância do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) na formação dos neovasos subretinianos, iniciou-se o desenvolvimento de anticorpos monoclonais que bloqueiam a ação do VEGF, inibindo a formação dos vasos anômalos sob a retina. Desde o início dos anos 2000, o tratamento da DMRI exsudativa é realizado através de injeção intraocular dessas drogas.

As drogas anti-VEGF abriram um novo horizonte no tratamento da DMRI. Atualmente, existem três drogas aprovadas no mundo para o tratamento da DMRI exsudativa: Lucentis, Eylea (Eylia, no Brasil) e Beovu (ainda não disponível no Brasil). Uma quarta droga é utilizada para esse fim (Avastin), mas não é aprovada pelas agências reguladoras do Brasil e dos Estados Unidos. Os resultados do tratamento da DMRI exsudativa com essas drogas impressionam: 40% dos pacientes conseguem recuperar boa parte da visão perdida com a doença e 95% deixam de piorar. Assim como em muitas outras áreas da Medicina, quanto mais precoce for iniciado o tratamento, melhor é o resultado visual.

Em poucos anos, houve uma verdadeira revolução no tratamento da forma exsudativa da DMRI: saímos de uma realidade na qual não existia nenhum tratamento eficaz e chegamos a um ponto em que conseguimos até recuperar a visão perdida em vários pacientes, algo impensável há pouco tempo. E esses mesmos medicamentos também são eficazes no tratamento de outras doenças vasculares da retina, como a retinopatia diabética e oclusões vasculares da retina.

Prof. Dr. Francisco Max Damico

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