Hábitos que podem diminuir o risco de aparecimento de glaucoma
Publicado em 04 de janeiro de 2018.
O glaucoma é uma doença genética e a melhor forma de evitar a perda visual decorrente é o diagnóstico precoce, que é feito pelo oftalmologista em consultas de rotina.
Embora os fatores genéticos sejam determinantes para o aparecimento do glaucoma, alguns estudos recentes vêm comprovando que alguns hábitos podem ser úteis na diminuição do risco de aparecimento do glaucoma por poderem funcionar como gatilho. Dentre eles, abaixo estão listados os que apresentam maior evidência científica.
1. Incluir vegetais com folhas verdes na alimentação – Um estudo que acompanhou 100.000 indivíduos por mais de 26 anos demonstrou que aqueles que tinham uma dieta rica em folhas verdes apresentaram risco 20 a 30% menor de desenvolver glaucoma (JAMA Ophthalmol. 2016;134:294-303). Isso acontece porque as folhas verdes contêm muito nitrato, que é convertido em ácido nítrico no organismo. O ácido nítrico ajuda a manter um bom fluxo sanguíneo no nervo óptico e é um potencial redutor da pressão ocular.
2. Usar óculos escuros no sol desde criança – A exposição aos raios ultravioleta contribuem para a formação de um material exfoliativo dentro dos olhos e aumentar o risco de um tipo específico de glaucoma (glaucoma pseudoexfoliativo). Esse risco é maior em indivíduos residentes em áreas mais próximas da linha do Equador e dos trópicos (Ophthalmology. 2012; 119: 27-35). Por isso, o ideal é usar óculos escuros desde a infância.
3. Manter a saúde dos dentes e das gengivas – Um estudo que acompanhou mais de 40.000 indivíduos por mais de 26 anos demonstrou que aqueles que apresentaram perda dentária recente por problemas periodontais apresentaram chance 85% maior de desenvolver glaucoma (Ophthalmology. 2016;123:2318-2327). Acredita-se que a doença periodontal cause uma inflamação crônica no organismo e estimule o sistema imune, aumentando o risco de aparecimento do glaucoma.
4. Controlar regularmente a glicemia – Um estudo que acompanhou mais de 76.000 indivíduos por 20 anos demonstrou que aqueles com diabetes tipo 2 apresentaram chance 82% maior de desenvolver glaucoma (Ophthalmology. 2006;113:1081-6). O mecanismo responsável por essa associação ainda é desconhecido, mas esse resultado reforça a importância de consultas rotineiras para avaliação clínica com especial atenção aos indivíduos cuja glicemia é limítrofe.
5. Fazer exercícios com moderação – O exercício físico reduz a pressão ocular e traz inúmeros benefícios para a saúde, mas se realizado exaustivamente, pode piorar o glaucoma por desestabilizar o mecanismo de autorregulação circulatória do organismo e do olho. Os indivíduos com risco aumentado de glaucoma (ou os que já são portadores da doença) devem evitar exercícios exaustivos e alguns exercícios específicos, como posições invertidas do yoga e balanço exaustivo da cabeça.
6. Indivíduos cujos familiares têm glaucoma devem fazer avaliações oftalmológicas regulares e precoces – A existência de algum familiar com glaucoma aumenta cerca de 3 vezes o risco de desenvolvimento de glaucoma. Quanto mais genes associados ao glaucoma um indivívuo possuir, mais precocemente a doença pode se desenvolver. Esse conhecimento reforça a noção de que o glaucoma não é uma doença de idosos: para indivíduos com a pele branca, é uma doença da meia-idade e para os de pele escura, é uma doença de jovens. Aqueles com portadores de glaucoma na família devem fazer avaliações oftalmológicas a cada 1 ou 2 anos, no máximo.
7. Manter peso adequado – Um estudo que acompanhou mais de 120.000 indivíduos por 24 anos demonstrou que aqueles com índice de massa corpórea (IMC) muito alto apresentaram pressão ocular mais alta, enquanto aqueles com IMC muito baixo apresentaram maior risco de desenvolver glaucoma (Ophthalmology. 2010;117:1521-1529). Acredita-se que isso aconteça porque indivíduos muito magros têm menor pressão intracraniana e alteração na posição do nervo óptico, que o danifica. O ideal é manter um IMC próximo do ideal.